A quem serve a sua exaustão?
- Luciana Almeida

- 8 de ago.
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Vivemos na era da performance. Ser produtivo virou sinônimo de valor pessoal, quase uma nova moral.
O sujeito produtivo está alienado nos significantes do discurso capitalista: eficiência, sucesso, visibilidade, utilidade.
Ele é "representado" por esses valores e perde contato com seu desejo singular.
Mas o que nos move tanto a produzir?
Na perspectiva psicanalítica, esse impulso incessante pode estar a serviço de um ideal do ego rígido e onipotente, um modelo interno que exige perfeição e sucesso constantes, mesmo às custas do próprio desejo e bem-estar.
Por trás da produtividade excessiva há, muitas vezes, o vazio.
Produzimos para não sentir, para não parar. Para evitar o encontro com a angústia, com o tédio, com o silêncio. Aquilo que Freud chamou de mal-estar na cultura.
O superego contemporâneo não castiga com culpa, mas com exigência.
"Você precisa fazer mais"
"Você não está se esforçando o suficiente"
"Descansar é fracassar"
Esse imperativo se disfarça de motivação, mas funciona como punição.
Refletir sobre isso não é um convite à inércia, mas à escuta.
O que é o meu desejo e o que é exigência da outro internalizada?
O que me move e o que me consome?
Talvez, produzir menos, mas com mais sentido, seja um ato subversivo.


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